Torta de Banana

- Quando a gente acabou de tomar café e tá de bucho cheio, aparecem uns três ou quatro...- resmungou Tadeu.
- Quem aparece, cara-pálida?
- Os vendedores de torta de banana... estava louco por uma agora...
- Ué!? Quer torta de banana? Eu faço uma torta de banana muito melhor do que a desses guris. - vangloriou-se Nina.
- Anhé!? E o que estamos esperando? - perguntou Alvira, vulgo, Boa Boca.
- Será que o Fred deixa a gente usar a cozinha da pousada?
- Claro que deixo! - diz Fred aproximando-se - Qual é a boa?
- Torta de banana! - e, ante o muxoxo de desinteresse dele, já enjoado das tortas vendidas toda hora por ali, completou: da Nina!
E assim, em instantes a pequena cozinha da pousada estava cheia de hóspedes. Uns cortavam bananas, outra picava a margarina, André batia as claras em neve e Nina, travestida de chef de cozinha dava instruções enquanto preparava a massa.
No meio do processo apareceu um dos meninos, vendedores de torta de banana. Curioso ou ambicioso, sentou-se para assistir.
Quando a torta ficou pronta, não deu pra quem quis. Evaporou em instantes. Todos pediram a receita e ela, a ninguém recusou. Incluíndo o molecote das tortas, que, no dia seguinte já passou por eles, na praia, vendendo o que anunciava ser a Maravilhosa Torta de Banana da Gaúcha.
Nina sorriu. Não era gaúcha, apesar do sotaque emprestado do marido. Pediu um pedaço, só pra ver se o guri acertou o ponto de sola da massa. Sim, porque essa massa é gostosa quando fica bem solada.
- Humm! Delícia! Parabéns! Vai vender como água! Está ótima! - ela vaticinou, com uma pontinha de orgulho.
Só ficou indignada porque o danadinho teve coragem de cobrar dela. Pagou, sem reclamar, mas, de vingança, passou a receita para todos os concorrentes dele que apareceram na praia aquele dia.

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Ficou com água na boca? Dê um pulinho em Jericoacoara que eles ainda vendem a torta da gaúcha por lá. Ou, anote aí a receita:

Numa vasilha, misture 10 colheres (sopa) generosas de açúcar, 10 de farinha de trigo e uma de fermento. Misture tudo aproveitando para dar uma boa olhada na linda vista para o mar, as ondas quebrando suaves na areia.
Unte um tabuleiro médio e espalhe 7 colheres da mistura feita. Tome um gole da cerveja gelada oferecida por um dos amigos e espalhe, por cima dessa primeira camada de massa, fatias finas de banana, pedacinhos esparsos de margarina ou manteiga e polvilhe tudo com canela. Dê um longo e carinhoso beijo no marido que está ajudando a bater os ovos - não os dele, claro! -, volte a olhar o mar e repita tudo: 7 colheres da mistura, bananas fatiadas, margarina ou manteiga picadinha e canela para polvilhar. Mais um beijo no marido, arrancando suspiros das amigas. Espalhe a mistura restante sobre o tabuleiro e tome outro gole da cerveja.
Às claras, duas, batidas em neve, acrescente as gemas e um copo de leite. Misture tudo e derrame sobre o tabuleiro. O líquido deve penetrar a massa, mas ele escorrega para os vales formados pelos pedaços da banana e farinha, carregando a mistura consigo. Não se preocupe. Com um pouco de paciência, vá cobrindo os pedaços secos. Ponha no forno e, enquanto assa, aproveite para jogar um carteado com a turma, sob o lindo por do sol.

Se a torta não aprovar, o processo culinario certamente vai!!

Imagem daqui.