Boas Maneiras



Dona Eulália entrou decidida no canteiro da obra, puxando pela mãos os três pimpolhos. Estava vestida de forma casual, mas demonstrava uma elegância de caráter que fez com que os peões lhe abrissem passagem sem nenhuma gracinha. O encarregado aproximou-se:
- Pois não?
Ela respondeu, educadamente:
- Eu gostaria de falar com o chefe.
- Chefe?
- Sim. Quem é a maior autoridade aqui?
- Ah! A senhora está vendo o barracão branco? O engenheiro chefe fica lá, com sua equipe. Pergunte pelo Sandoval
Ela agradeceu e dirigiu-se ao barracão.
Ao entrar, deparou-se com quatro engenheiros debruçados sobre suas pranchetas. Dirigiu-se ao que parecia mais velho.
- O senhor Sandoval?
- Sim, sou eu. - um outro homem respondeu. Ela caminhou até a sua mesa.
- Bom dia, senhor Sandoval. Meu nome é Eulália.
- Bom dia, senhora Eulália. Seus filhos? - perguntou, tentando ser gentil.
- Sim, senhor Sandoval. E é por eles que estou aqui.
Curioso, convidou-a a sentar-se. Ela recusou, disse que o assunto era rápido. Explicou que morava ao lado da obra e, como mãe, estava muito preocupada com a influência dos peões na educação de suas crianças. Era constante o uso de vocabulário chulo, palavras de baixo calão, sempre aos berros. Além disso, eles andavam quase nus pelas estruturas, as partes expostas.
Sandoval ouviu tudo atentamente e, a cada informação ia ficando cada vez mais indignado. Assim que ela concluiu, levantou-se da cadeira, deu um violento tapa na mesa e gritou para um dos auxiliares:
- Edmilson, vá agora mesmo chamar aquele @#$%&#@ do encarregado e diga que eu vou comer o @#$%& dele se ele não resolver essa *&@#$%%# desse assunto agora!