Gado
Vamos seguindo
Cabeça baixa
Gado, esperando a marca
Que nos dê um dono
De quem não vamos gostar
À vezes, só às vezes
Há revolta
Queremos deixar o pasto
E tomar as ruas
E exigir respeito
Mas lembramos da necessidade
Mais imbecil que nos move
E ficamos na mesma
Para podermos comer
E, mais e mais nos humilhamos
Na engorda
À espera do corte
Que nos livre do jugo de não sermos nada
O tempo passa
E sempre nos encontra com medo
Ódio e indiferença se confundem
Ante a passividade de sermos números
Envelhecemos sorrindo amarelo
E morremos todos iguais
E, nem as marcas nos lombos
Podem mais nos separar
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 05/04/2008
Alterado em 24/05/2011