- Parece que as artimanhas do coisa ruim pra não ser apeado do poder estão começando a fazer efeito.
- Ôxi! Como assim? E aquela pesquisa que tu me mostrou semana passada?
- Era a da Datafolha, Helena. Agora é a da Quaest. Mas mesmo a outra já mostrou uma pequena melhora dele, entre as mulheres e no nordeste. Efeito da PEC do desespero e da transposição do São Francisco.
- E vai dizer que foi o bonito que fez?
- Não! A obra começou em 2007 e já estava 90% pronta. Mas o capitão está dizendo que ele fez tudo, que estava tudo parado. Em comunicação institucional de governo, ou seja, mentindo com o nosso dinheiro.
- Nosso, não, que eu não pago imposto.
- Claro que paga!! Em tudo o que você compra.
- Ih, é, né!? Mas, neste ponto, o disgramento fez uma coisa boa. Reduziu o imposto da gasolina. Roberto tá feliz da vida com o táxi dele.
- Ele tinha que rever a política de preço da Petrobrás, não reduzir a arrecadação dos Estados. Isso ainda vai acabar refletindo na piora da Educação e da Saúde pra todo mundo, em especial para os mais pobres.
- Sai, mulher agourenta! Pelo menos não pago imposto de renda.
- Só porque eu pago a sua parte.
- Anhé?
- An-nhé!
- Eu ganho tão pouquinho!
- Não é tão pouquinho assim, principalmente porque sai da minha conta, mas eu concordo que é um valor que não deveria ser tributado. E essa foi mais uma sacanagem do excrementíssimo que prometeu rever a tabela do Imposto de Renda e nunca fez isso.
- Não era pra ter uma lei contra essas mentiradas?
- E tem. Mas deixaram ele emparedar o judiciário por tanto tempo, que, agora, parece mais sensato deixar ele latindo sozinho do que dar corda ao discurso de perseguido dele.
- E se o povo começar a acreditar e votar nele?
- É o jeito. Não deve virar o jogo, mas leva a decisão pro segundo turno.
- Ai, não! Não aguento mais essa tensão! Todo dia tem presepada. Até general exigindo, com urgência, coisa que tem desde o ano passado, teve!
- Não é? Conversa com seus vizinhos.
- Quase ninguém quer conversar.
- Ah! Tem razão. Tem mais essa. De acordo com o Datafolha, quase metade da população parou de discutir política, para evitar desentendimento. Ninguém quer ouvir propostas ou os argumentos dos outros, todo mundo escolhe as mentiras em que quer acreditar e o resto é que está errado.
- Até nós, né?
- Ai, Helena! Confesso que gostaria de poder votar mais com o cérebro que com o fígado. Muitas das alianças que o PT está fazendo me causam arrepios, mas na atual circunstância, o importante é tirar o bolsocoiso, que além de também ter aliados ainda piores, ainda é a encarnação do mal.
- Eita! E a Michelle fazendo culto lá no Planalto, de madrugada?!
- Vi! Com certeza, faz parte da campanha. É mais um crime eleitoral, que eles cometem sem medo.
- Medo, eu acho que ele tem. De sair de lá direto pra cadeia.
- E a chance é grande. Você viu? Ele tá ameaçando até matar ou morrer, pra não ser preso.
- É, nada! Aquilo ali é um covarde!
- Verdade. Arrisca se esconder no colchão igual à golpista lá da Bolívia. Acho que vai imitar.
- Eu acho que ele foge do país.
- Ele ainda pode. O Dudu bananinha é que corre o risco de ser condenado por apoiar a tentativa de golpe do Trump nos States. Daí, se sair do Brasil, a Interpol pega.
- Não era ele que ia ser embaixador porque sabe fritar hamburguer?
- Seria bom que fosse, né? Já tava lá mesmo. Facilitava pros gringo.
- Não é? E ainda fazia uns lanche top lá na prisão.
Texto publicado na minha coluna semanal do jornal Alô Brasília:
https://alo.com.br/medo-de-prisao/