- Ai, dona Zuleica! Roberto encasquetou! Quer ir pra Araraquara.
- Nas férias?
- De vez! Criaram uma cooperativa de motoristas lá...
- Ah! Eu vi! Achei ótimo! Finalmente, o motorista por aplicativo será mesmo um empreendedor e não um trabalhador sem direitos.
- Pois é! Por isso ele quer ir.
- E você? Vai com ele?
- Só se conseguir emprego lá.
- Hum! Agora, você me deixou dividida. Torcendo por vocês, mas vai ser difícil substituir você!
- Ahá! Sabia que você gostava deu.
- Ôxi! Eu nunca escondi isso.
- Gosto de você também, viu?
- Claro que gosta! Eu sou a melhor patroa do mundo!
- Aí, abusou! Mas, não queria ir, não. Vou sentir falta de vocês, dos meninos, do Fido...
- Das nossas conversas sobre política.
- Eita! Já pensou se vou trabalhar com bolsominion?
- Bem lembrado! Tenho que perguntar isso nas entrevistas...
- Nossa! Já tá pensando até na entrevista pra por outra no meu lugar!
- Ué, Helena!? Se você vai embora a qualquer momento... A não ser, que...
- Que o quê?
- E se criarem uma cooperativa aqui também? Fala com o Roberto. Talvez valha a pena esperar um pouco. Se der certo lá, logo, logo fazem aqui.
- E aí, não preciso me mudar, né?
- É! E poderemos continuar falando mal desses políticos bandidos.
- Aff! Queria mesmo era que essas eleições passassem logo e a gente pudesse falar de outra coisa.
- Torça pra gente conseguir eleger progressistas, tanto pro executivo quanto pro legislativo.
- Pra mim, bastava tirar o coisa ruim da presidência.
- Não, Helena. Tirar lá para colocar outro igual, ou colocar alguém melhor, mas não garantir boa base de apoio no congresso, dá no mesmo.
- Ah! Sabe o que eu vi esses dias? Que tem um pessoal da esquerda dizendo que anula o voto se o Lula colocar mesmo o Alkmin de vice.
- Aí, é burrice. Anular o voto pode reeleger o Bozo. A gente tem que garantir a eleição de quem estiver mais à frente nas pesquisas já no primeiro turno. E, se ele passar para o segundo turno, votar no outro.
- Até no bandido do Moro?
- Na falta de escolha... Pelo menos, ele ainda demora para conseguir aparelhar o Estado como o capetão.
- Entendi...
- Só tem uma coisa... Para não cairmos noutra roubada dessas, política tem que ser assunto sempre, não importa quem esteja no poder.
- Pena! Queria tanto poder falar de outras coisas.
- Ué! Pode falar!
- Então... Já que você quer o título de melhor patroa do mundo...
- E vem...
- Que tal me deixar emendar o carnaval?
Texto publicado na minha coluna semanal do jornal Alô Brasília:
https://alo.com.br/mudando-de-conversa/