Era uma vez, três porquinhos.
A segunda, teimosa e ingênua, construiu sua casa sobre uma minoria. Barulhenta e aguerrida, mas, ainda, pequena.
O primeiro chegou nos braços do povo e já ia cometendo o mesmo erro, mas, logo percebeu as rachaduras que indicavam a fragilidade de sua base e tratou de fazer acordos para reverter esse quadro.
O terceiro, desdenhou de todos e erigiu seu castelo nas nuvens. Seu maior apoio vinha das redes sociais e, grande parte dele, nem é de gente de verdade. Mesmo assim, chegou lá, levado por uma sociedade dividida entre a adoração e o horror, e, ao invés de trabalhar para construir algum alicerce, encerrou-se numa bolha, de onde acenava apenas para os seus e passava os dias a atirar coisas nos demais, confiante de que nada poderia atingi-lo.
O primeiro porquinho teve sua morada derrubada pelos cara-pintadas, a segunda, a pedaladas, e o terceiro...
A realidade soprou, soprou, soprou e as nuvens começaram a se dissipar, obrigando-o a também render-se ao grupo de quem mais desejava parecer distante, mas que poderia dar algum reforço aos seus pilares no ar. Assim, ele segue supondo-se inalcançável e fazendo planos para manter-se ali, eterno, agarrado aos escombros que ainda não cederam ao peso de seu egoísmo e obtusidade.
O resto da construção já desabou, matando, na queda, mais de 360 mil pessoas, tanto dentre seus seguidores, quanto entre os outros.
Para proteger-se da ventania, ele fez e ainda faz tudo o que pode. Exceto o bem, o certo, o justo. Continua odiando todos que não o adoram e, mesmo a esses, sacrifica sem qualquer remorso ao primeiro sinal de que isso pode lhe ser benéfico, mesmo que de modo efêmero, sem se dar conta de que também eles se juntarão àqueles que já hoje insuflam contra seu mausoléu, dispostos a derrubá-lo de vez, num furioso furacão que talvez nos ajude a encerrar esse ciclo involutivo em que nos metemos e que nos faz torcer, com todas as nossas forças, pela vitória do lobo mau.
Texto publicado na minha coluna semanal do jornal Alô Brasília.
Veja no jornal acessando:
http://alo.com.br/impresso/qui-15-04-2021/
Estou na página 7, Vida e Lazer.
Image
daqui.