O capitão se queixa: o país tá quebrado.
Representantes de outros poderes e a imprensa - que ele considera mau caráter - esperneiam.
Eu concordo. O Brasil está quebrado, sim, no fundo da alma de seu povo, tido mundialmente como cordial e solidário e que agora se vê formado por uma gente tosca, sem empatia, sem espírito de coletividade.
Uns egoístas que entendem como mimimi qualquer iniciativa que preze o bem comum, como as reivindicações das minorias ou a proibição de fogos de artifício com ruído. Para essa última, argumentam que, quem tem cães que cuide deles e não se dão conta de que os estrondos afetam também animais silvestres e de rua, idosos e crianças com problemas neurológicos, bebês...
É uma súcia que se multiplica a cada dia, muito incentivada por aquele que chefia o executivo do país. Uns espíritos pobres, incapazes de compreender a angústia de quem perdeu alguém para a COVID, uns infelizes que insistem que isso é apenas uma conspiração mundial para derrubar seu mito e, por isso, como ele, recusam-se a usar máscara, a respeitar o isolamento...
O país que já foi respeitado por incentivar a educação e a ciência agora vê-se quebrado, sim, por essa corja obtusa que acredita que a Terra é plana e que há chips para espionagem na vacina chinesa ou que a da Pfizer mudará seu DNA e que não entendem como o resto do mundo ainda não usa a ivermectina ou a nitazoxanida como seu mestre mandou.
O país está terrivelmente quebrado e ele não devia lamentar, pois foi exatamente esse destroçamento da nação que o conduziu até lá.
Quanto à afirmação de que não pode fazer nada, melhor seria se não fizesse. Colocasse gente competente para comandar cada uma das pastas e ficasse quietinho no palácio, deixando o tempo passar. Sim! Porque, se sua inação pode ser terrível para nós, quando ele age é ainda muito pior.
Como eu sei que não será assim, só posso começar este novo ano, desejando a meus leitores queridos, um feliz 2023, quando, finalmente, poderemos começar a consertar.
Texto publicado na minha coluna semanal do jornal Alô Brasília.
Veja no jornal acessando:
http://alo.com.br/impresso/qui-07-01-2021/
Estou na página 6, Economia.
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daqui.