Quem me dera um pouco de falta de vergonha
Vi no twiter: "Brasileiro é esquisito: a gente torce para um velho sem vergonha ganhar de outro velho sem vergonha só para irritar o velho sem vergonha daqui."
Seria verdade, não fosse o fato de que não queremos apenas irritar, mas tornar insustentável um pouquinho da sem vergonhice do velho Jair, que hoje se vale de uma suposta amizade e um inequívoca identidade com o velho Don para agir irresponsável e impunemente.
A eleição quase confirmada do outro nos dá a esperança de que algumas coisas aqui devem mudar para melhor, mesmo que piorem antes, como seria o caso de sofrermos uma sanção comercial se a Amazônia continuar em chamas. É claro que foi só uma ameaça do velho Joe para agradar ao eleitorado ruralista e nosso franco concorrente por lá, mas certamente é muito mais consistente do que a do Jair sobre apelar à pólvora quando falhar a saliva. Imagino o poder de fogo desse nosso valoroso exército, embrenhado em funções burocráticas nos mais diversos níveis do governo.
Além disso, a derrocada do big loser negacionista, narcisista, e muitos outros "istas" bastante desabonadores, que sempre serviu de exemplo ao nosso atleta imune às complicações do Coronavírus, pode fazê-lo adotar uma postura mais coerente com as de um chefe de estado.
Ainda não aconteceu. O velho de lá segue em negação, fazendo o daqui persistir com suas sandices, acusando de maricas todo brasileiro que se recusa a entrar para as estatísticas dessa pandemia que já vitimou mais de 162 mil brasileiros e suas famílias e amigos.
Mas, não. Não nos enganamos. O twiter engraçadinho é preciso quando explicita o que todos são. Velhos, e também os mais jovens, bem representados pelos filhos do capitão, são todos mesmo terrivelmente sem vergonha.
Nos resta escolher dentre as indecências de cada um, aquela que menos alimenta a nossa vergonha de ser brasileiros.
Texto publicado em minha coluna semanal do
Jornal Alô Brasília - página 6
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daqui.