Textos



Feliz 2017!

 
Não pedi coisas demais para não confundir Deus
que à meia-noite de ano novo está tão ocupado.
Clarice Lispector
Ufa!! 2016 está acabando e muita gente vai conseguir respirar aliviada pelo fim deste que, parece, pelo tanto de postagens sofridas, o pior ano de nossas vidas.
Foi um ano ruim, mesmo. Muitas mortes, incluindo a do promissor time da Chapecoense e da nossa tão jovem Democracia, crise financeira para todo lado, guerras, atentados terroristas, muita roubalheira e escárnio por parte de nossos políticos. No Rio, servidores há dois meses sem salários, choram o que lhes resta de dignidade enquanto enfrentam fila para receberem cestas básicas em doação, enquanto a queima de fogos do réveillon queimará também 5 milhões de reais. A maior parte disso vem da iniciativa privada, mas não deixa de ser um contrassenso.
Daqui da circunvizinhança de meu umbigo, penso que, particularmente, não foi tão ruim assim. Também tive perdas, inclusive a da democracia, pela qual lutei o quanto pude. Mas, no geral, não foram maiores do que a de anos anteriores, nem mais significativas.
E tive alguns ganhos, igualmente dentro das médias de todos os tempos.
Creio que, para a maioria das pessoas foi assim também, inclusive para essas que têm lamentado tanto. Mas é o velho hábito de fazer coro à multidão. Todo mundo está se queixando, então, vamos nos queixar também.
Quero não. Quero sempre crer que o próximo ano será melhor que o corrente, que será mais abençoado, que os problemas de agora se resolverão, mesmo sabendo que nada disso acontecerá se eu não mudar minha postura e decidir fazê-lo melhor.
Mas também prezo pela gratidão e condenar todo um ano e seus trezentos e sessenta e cinco, ops!!, trezentos e sessenta e seis
dias, já que é um ano bissexto, porque algumas coisas não saíram como se esperava, é ser muito negativo.
Não é dar uma de Pollyanna e fazer o jogo do contente, mas é reconhecer que, se toda moeda tem duas faces, que dirá um lapso de tempo tão grande como este? Certamente muita coisa boa aconteceu. É celebrá-las. E sem amargura pelo que deu errado, porque essa sensação de que tudo se resolverá com os brindes do réveillon será causadora de muita frustração no pobre ano que se inicia.
Feliz 2017, com muito pé no chão. Senão, em dezembro, começarão de novo as mensagens de lamentação.

 
Texto publicado no Alô Brasília de 30/12/2016.
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 03/01/2017


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