Página Virada
Só tenho pena do paulistano. Com Temer presidente, Alckmin governador e Dória prefeito, vai ser difícil encontrar a quem culpar quando tudo continuar dando errado.
@nadanovonofront via Twiter
Findas as eleições municipais, tornou-se latente o prejuízo eleitoral provocado pela intensa campanha antipetista que se fez nos últimos meses. O partido encolheu muito, para alegria dos que se deixaram levar por essa caça às bruxas; razoavelmente natural, quando elas estão no poder, mas que tornou-se descontrolada, quando, para surpresa dos tucanos, não rendeu a presidência ao PSDB em 2014.
Vi, recentemente, um vídeo que compara o que aconteceu no Brasil ao nazismo alemão. Com argumentos simples como “em todos os partidos há gente honesta e gente corrupta, porque só o PT e todo o PT deve ser varrido da política nacional?”, o documentário mostra que foi um processo semelhante que levou a Alemanha a odiar os judeus, a quem a imprensa e o governo atribuíram a culpa por todos os problemas do País, como fizeram agora com o PT.
Não importa quantas acusações coloquem na mesma lama outros cacifes do nosso podre meio político. Se não são do PT, ficam para depois e seguem em suas cadeiras, alçando-nos à vergonhosa quarta posição do ranking de países mais corruptos do mundo, segundo o Fórum Econômico Mundial.
Quando se vê o tipo de gente que esse pleito colocou nas prefeituras e câmaras país adentro, dá vontade de chorar. Entre muitos acusados de corrupção e até um preso, há extremistas religiosos, contrários à liberação feminina e à luta pelos direitos LGBT, por exemplo.
“Sem problemas! Pelo menos o PT perdeu!!”
Morro de inveja de quem pensa assim. Queria muito acreditar que o País ficará melhor agora, com essa página virada.
Pensando bem, invejo, não. Amo meu senso crítico.
Porém, o que mais me preocupa nessa dicotomia que se concretizou no país, é um dos muitos temores que se impingiu à população neste processo de satanização do Lula e da Dilma: sua vertente socialista - a que se atribuiu o assustador palavrão de comunismo, aquele regime que só funciona sob uma ditadura, para garantir que os bens da nação sejam divididos de forma igual entre todos os cidadãos - empurrando os mais incautos para extrema direita, ao ponto de apoiarem excrescências como o Bolsonaro ou pedirem a volta da ditadura militar. Oi!?
Texto publicado nas edições de hoje do jornal
Alô Brasília e do
Jornal de Caruaru.