Po Ke Non GO?
Se você tiver entre 40 e 60 anos, aproveite ao máximo,
porque a geração que vai ajudar a pagar sua aposentadoria está procurando Pokémon.
Autor Desconhecido
E não é que a galera está mesmo enlouquecida atrás dos tais Pokémons?
Se os pouco adeptos aos recursos dos Smartphones já se irritavam com essa nossa mania de estar sempre de olhar fixo na telinha, agora devem achar que o mundo está realmente perdido: basta uma voltinha pela cidade para observar que muita gente, adultos e crianças, já fez disso uma missão. Vi uma charge genial, dia desses, que mostrava o sujeito com o celular na mão e, sobre seu pescoço esticado, quase horizontal ao chão para ter melhor visibilidade do aplicativo, um Pikashu montado, como se sobre um cavalo, guiando-o para onde bem entendesse. Descreve perfeitamente essas pessoas que se arriscam por ruas e avenidas sem olhar para os dois lados como a mamãe ensinou, porque o aplicativo manda seguir em frente. Já são vários os casos de atropelamento devido ao uso do aplicativo e, em Belo Horizonte, um homem morreu ao cair do 16º andar de um edifício.
Dia desses foram bater lá em casa. Diz a empregada, meio exagerada, que eram umas trinta pessoas. De acordo com as coordenadas do aplicativo, havia um Pokemon no meu quintal. Pensei comigo… Tadinho! No meio de dezessete cachorros, o bichinho não teve a menor chance.
Ela vetou o acesso aos caçadores de monstrinhos virtuais, apresentando, entre outras razões, ordens expressas dos patrões e minha matilha, que ela teria que prender enquanto a busca se desse, interrompendo suas tarefas. Depois, até fiquei com peninha quando soube que havia crianças no grupo, uma delas vizinha à nossa casa e cujo choro por ver-se impedida de alcançar seu alvo eram audíveis da minha cozinha. Mas apoiei a decisão da minha ordenança. Se essa gente não tem o que fazer, ela tem. E muito.
Nunca brinquei disso, mas já achei o primeiro defeito no joguinho: ele deveria ter alguma inteligência para, interagindo com os google maps e wazers da vida, restringir a existência dos bonecos a áreas públicas de fácil acesso e alertar o usuário sobre perigos, como a travessia de ruas, por exemplo.
Bom mesmo é que ele ajudasse a encontrar político honesto, competente e bem articulado. Aí, eu dava valor.
Texto publicado na edição de hoje do jornal
Alô Brasília e também no
Jornal de Caruaru.