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Juízo

 
Cheguei a uma conclusão
eu preciso tomar juízo
Já sei que o gosto é ruim
Meio amargo, meio azedo
tem algo assim de renúncia
e um quê de decepção
Talvez, no suco de fruta
Disfarce e dê pra tomar

Dizem que fica bom mesmo
Com vodca, gelo e limão
Aí, eu já não acredito
Acho que álcool e juízo
não combinam muito bem
Mas, “se o que arde cura
e o que aperta segura”
não será o paladar
capaz de me demover
dessa minha decisão

Eu preciso tomar juízo!

Então, saí pra comprar
Procurei pelas farmácias
supermercados e bares
Não encontrei, que loucura!
Parece que anda em falta

Se você souber onde tem
Avise pra mim, por favor
Em troca, lhe passo a receita
da poção de desamar
que serve para esquecer
aquela pessoa ingrata
que partiu seu coração

Ah, por favor, me desculpe
Não precisa ser uma troca
Posso lhe dar a receita
É que será meio inútil
Pois um dos ingredientes
é o danado do juízo.

E é bom que eu avise!
A beberagem funciona
mas tem um efeito terrível
depois de beber tudinho
e livrar-se da paixão
vê-se o mundo assim sem brilho
as cores perdem a cor
Porque o amor, ah!, esse dói
machuca, maltrata, aferroa
mas sem ele, vem um tipo
de dormência, uma apatia
dá preguiça de viver.

É claro que tem solução
basta encontrar outro amor.
E apenas por cautela
ter sempre ao alcance da mão
uma garrafinha de juízo
De vez em quando vá lá
e dê uma boa golada

Porque o amor colore tudo
traz magia à sua vida
mas sem o acre da razão
arrisca-se a carecer
Muito em breve, e com urgência
Da poção de desamar


 
Este texto faz parte do Exercício Criativo - Falta de Juízo.
É uma reedição do texto homônimo publicado neste Recanto das Letras em 13/04/2009.
Saiba mais, conheça os outros textos:
http://encantodasletras.50webs.com/faltadejuizo.htm
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 28/03/2016


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