A Química do Desejo - parte I
O amor é o desejo irresistível
de ser irresistivelmente desejado.
Robert Frost
Lendo uma velha reportagem na revista Galileu sobre este assunto, digamos, prazeroso, vejo que a ciência não difere muito do que eu já havia estudado em História da Arte e as estatuetas incas de mulheres com corpinho de pilão: homens e mulheres se atraem pelas características mais adequadas ao instinto atávico da procriação.
Homens preferem mulheres curvilíneas. Veja: ancas generosas indicam boas parideiras e seios fartos facilitariam a amamentação (nossos instintos desconhecem o silicone). Peitões também denunciam mais inequivocamente a idade avançada (o que desqualifica a mulher como mãe), pois sofrem com mais rigor a lei da gravidade.
Não é que os rapazes sejam fúteis e só queiram namorar ninfetas turbinadas. É que instintivamente, veem na mulher mais jovem um maior potencial em gerar uma prole saudável. A cintura fina harmoniza o conjunto, realçando os atributos da fêmea reprodutora.
Já as mulheres buscam no homem os aspectos de virilidade, como a musculatura bem definida, as feições másculas e o cheiro. Pasme! De acordo com a revista, podemos sentir o odor da testosterona num macho adulto apto à reprodução e isso nos excita. Porém, a revista alerta que os perfumes ditos feromônios não funcionam. Portanto, trate de produzir sua própria testosterona. Não pergunte-me como.
Um pouco mais evoluídas, nós, também buscamos sinais de poder e riqueza. Não, não somos interesseiras. Isto é, somos. Mas é uma preocupação que também vem dos tempos das cavernas, quando aos homens cabia a caçada que manteria a família viva. A evolução apenas teria transformado os víveres selvagens de então no vil metal de agora.
Em ambos os sexos, a curva do nosso desejo está associada à idade e, no caso das mulheres, à fertilidade, declinando à mesma proporção.
Sei, não. Se assim o fosse, nós seríamos como radares, excitando-nos à presença de qualquer ser humano do sexo oposto com as características acima e... ops! Já que eu falei em sexo oposto, como explicar o homossexualismo, que acontece até entre algumas espécies animais? E o que falar de Viagra, anticoncepcionais, reposição hormonal? E do amor, o que dizer?
(Continua na próxima sexta-feira)
Texto publicado no Jornal Alô Brasília de hoje e reeditado do texto homônimo publicado neste Recanto das Letras em 19/06/2008.
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 06/02/2015
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