Textos


Até que enfim!

 
A liberdade de eleições permite que
você escolha o molho com o qual será devorado.
Eduardo Galeano

 
Ufa! Está chegando a hora. Espero que seja minha última crônica falando de política este ano. Depois dessas eleições, quero é uma longa trégua de candidatos e de eleitores. Ao menos, dos mais apaixonados, incapazes de seguir uma conversa sem ofender adversários e seu eleitorado.
Depois do meu texto da semana passada, em que me confessei indecisa, recebi algumas comentários bastante sensatos, outros até exasperados. Destes últimos, a maioria em favor de Aécio, chegando ao cúmulo de uma amiga dizer que eu não votasse na Dilma, pois não queria ter que escolher se me chamava de burra ou corrupta. Corrupta, sei que não sou e burrice é um conceito um tanto relativo, acabei me decidindo pela reeleição petista e deixei para a minha amiga a dúvida sobre como me chamar a partir de agora.
No GDF era Rolemberg mesmo. Não acredito que venha a ser um grande governador, mas, ao menos, não está ligado ao grupo ficha suja.
O fato é que estava difícil decidir. Vi esses dias um episódio do Porta dos Fundos, em que o eleitor se vê perdido diante da urna, porque não tem nada que preste ali, pede para tentar na outra sala, tenta reiniciar o aparelho, faz de tudo para que outros candidatos melhores surjam… Tirando a graça da coisa, é assim mesmo que nos sentimos a cada novo pleito. Saudade de quando tínhamos esperança, de quando comprávamos bottons, bandeiras, adesivos para ir a comícios e carreatas...
Mas, enfim, está quase acabando e, pelo menos para nós de Brasília, serão quatro anos de sossego.
Poderei falar de coisas mais interessantes, como a nossa boa e velha condição humana e, mais ainda, sobre a condição feminina sob jugo masculino, que é assunto para mais de hora de conversa no cabeleireiro. Falar das relações familiares, profissionais ou com o planeta que anda tão precisado de mudanças, do por do sol, das chuvas ou da seca, dos ipês, dos flamboyants e das cigarras que fazem nossa cidade tão especial.
Em janeiro, é vigiar os eleitos (por mim, ou não) e exigir deles o cumprimento das promessas de campanha.
Domingo é o dia D e não há outros candidatos. Nem na urna da outra sala.
Segura na mão de Deus, e vai!

 
Texto publicado no Jornal Alô Brasília de hoje, 24/10/2014.
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 24/10/2014


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