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"Imposto de Renda, eu te odeio!
Pronto, já fiz minha declaração."
Autor Desconhecido

Prometi, mas não cumpri e o ajuste com o Leão ficou, de novo, pra última hora. Coisa de brasileiro.
Sem estresse! Tô calejada. Há anos, faço também as declarações do marido, mamãe e sogros. Se bem que era mais fácil antes: só simplificada. Agora, tem tanto particular que dá preguiça!
Mas não dava pra enrolar mais e domingo à noite, baixei e instalei o programa.
Na hora de abrir... Pau! Desinstalei e reinstalei. Pau!
Bêbada do sono mórbido do horário, resolvi excluir as versões anteriores do programa, achando que pudesse ser alguma incompatibilidade. Nada! Tentei acionar o programa pelo atalho na área de trabalho e... Uhu! Abriu!
"Agora, vai!", pensei.
Não foi. Tentei importar a declaração de 2013. Adivinha! Não gerei cópia de segurança do programa de 2013 e, ao apagá-lo, perdi tudo. Ah! E de 2012 também.
Fui ao site da Receita em busca de ajuda. Ele permite cadastrar um código, que dará acesso a todos os arquivos anteriores. Perfeito, se para criá-lo eu não precisasse do número dos recibos das duas últimas declarações, que, por acaso, eu também não salvei. O sono doentio deu lugar a uma insônia cheia de saúde inútil, já que não havia mais nada a fazer até a manhã seguinte, quando reportaria a lambança aos interessados e tentaria soluções junto à SRF. Útil ou não, passei a noite em claro. Meu corpo é quem manda: quando quer, dorme. E só dorme quando quer.
Segunda, liguei 146, cuja única solução apresentada foi agendar atendimento presencial num posto da Receita. Em setembro!
- Putz! Não é uma ressonância pelo SUS! – respondi.
- A senhora pode ir lá tentar.
Marido deu a ideia de contratar o certificado digital. Liguei no SERPRO. Foi surreal!
- Tipo 1 ou tipo 3? – perguntou a atendente.
- Quero o que serve pra Receita.
- 1 ou 3?
- Qual serve pra Receita?
- Qual a senhora quer?
- Filha, qual de nós duas entende mais de Certificado Digital?
Ela não soube responder. Mandou ligar na Receita. Desisti.
Pra encerrar, encaramos as filas no posto de atendimento, peguei as cópias e fiz as benditas declarações.
E prometi, de novo, nunca mais deixar pra última hora.
Às vezes, ser brasileiro cansa, viu?

 
Texto publicado no Alô Brasília de 02/05/2014.
 
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 02/05/2014


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