Textos




Cara! Cadê meu Carro?

 
"Você só não perde esta cabeça
porque está grudada no pescoço!"
mamãe

Dirigia-me ao meu carro, estacionado em frente à Renner, no Park Shopping, quando vi uma senhora cercada de seguranças, lamentando-se: o carro dela fora roubado!
Lamentei por ela e apressei o passo, mas, depois de muito procurar, cheguei à conclusão de que o meu também sumira. Seriam os mesmos bandidos? Celular descarregado (pra variar!), voltei ao shopping pra pedir ajuda ao maridão. Só lá dentro, lembrei e admoestei-me, delicadamente:
- Sua anta! A loja tem duas entradas!
Pois, é. O possante estava lá, bem belo, quase em frente à outra porta.
Consolo? Presepadas assim não são raras.
Meu primo perdeu o carro da mamãe na rodoviária. Igualzinho! Entrou de um lado, saiu pelo outro e nada do Golzinho. Deu queixa na polícia e voltou de ônibus pra casa. Mamãe pediu, passei por lá, vi a charanga. Atenuou-se a gafe pelo fato de ele ser do Rio, não conhecer bem a cidade.
Agora diga aí qual é a desculpa do sujeito que perdeu o carro, bateu no flanelinha, deu queixa na polícia e chegou a ir reconhecer um veículo apreendido num desmanche. Felizmente, não era o dele, pois o bichinho estava sucateado. Mas o dele continuava sumido. Duas semanas depois, passando pelo mesmo local num horário de menos movimento, encontra o carro lá, solitário, placidamente estacionado. Ele insiste na tese do furto e, para comprová-la, diz que alguns CDs desapareceram do porta luvas, mas não sabe explicar porque o ladrão teria retirado o carro só para roubar uns CDs e devolvido ao mesmo lugar. Nem eu!
Fossem só enganos... O fato é que Brasília há muito não é mais aquele paraíso de segurança de tempos atrás. O aumento nos roubos de veículos tem pesado diretamente nos nossos bolsos, na forma de seguros e estacionamentos mais caros.
Melhor ir de táxi, por mais absurdas que sejam as tarifas por aqui. Só que muita gente já percebeu isso e, hoje, depois de chamar, é comum passar horas à espera do serviço. Fora o risco de sequestros e roubos por táxi pirata.
Última esperança: inventarem o teletransporte. Já pensou? Mas, tem que ter inseticida! Já sou avoada demais, imagina eu meio mosca!?
 
Texto publicado no Alô Brasília de 11/04/2014, inspirado no texto "Sobre Carros e Memória", publicado em 30/03/2008, neste Recanto das Letras.
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 11/04/2014


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