Cães e gatos são maltratados todos os dias. O CCZ de Brasília mata, antes mesmo do prazo estipulado. O abandono só aumenta, mas criadores inescrupulosos continuam fabricando filhotes para vender a gente sem noção.
Vivissecção, zoofilia, abatedouros...
E ainda há quem pergunte por que eu me preocupo com os bichos, quando há tanta criança precisando de ajuda. Conto até dez e esclareço: faço por elas também. Faço menos, é verdade, mas faço. Até porque, pelos humanos, há muito mais gente fazendo, incluindo o governo.
Duvida?
Uma cadela atropelada passou três dias jogada em frente ao "Centro de Reabilitação Deus Proverá". À espera de providência divina? Fosse uma pessoa, seria imediatamente conduzida a um hospital público e, ainda que precariamente devido à falência dos serviços do Estado, seria atendida. Talvez não tivesse ficado paralítica. Sim! Aconteceu de verdade. Acontece sempre! A propósito, ainda não existe hospital veterinário público em Brasília.
Mais exemplos?
Ninguém proporia a eutanásia de um menino com deficiência, por mais severa que ela seja, mas há criador que não hesita em matar um filhote que não atenda ao padrão da raça.
Se um bebê humano é abandonado na rua, isso vira notícia e dezenas de casais se oferecem para adotá-lo. Diariamente, ninhadas inteiras são descartadas, como lixo. Muitos vêem, poucos se mexem para os salvar.
Em grandes tragédias urbanas, o mundo se une em prol das vítimas. Pois há quem critique as mobilizações no amparo aos bichos igualmente atingidos. Não entendo. O certo seria deixá-los morrer porque há humanos sofrendo?
Cada um faz o que pode, como pode e para aqueles necessitados que mais os motivem a agir. Ninguém critica a UNICEF por não alfabetizar adultos. Não se espera que um asilo de idosos abrigue crianças. Se até entre os humanos é preciso foco, por que é tão difícil entender que algumas pessoas foquem em animais? São vidas, ué! Como a minha e a sua!
Então, ao invés de criticar quem está fazendo, arregace as mangas e faça também. Por humanos ou não humanos, mas, faça!
E deixe pra falar só quando vierem criticar o que você está fazendo.
Texto publicado na edição de
21/02/2014 do Jornal Alô Brasília, reeditado do texto Só Porque Você Perguntou, publicado neste Recanto das Letras em
28/01/2011.