Outubros
"Se ao menos as mulheres prestassem tanta atenção aos seus seios quanto os homens..."
(Lema de Campanha de Combate ao Câncer de Mama)
Oscar com câncer, meninas tomando vacina contra HPV nas escolas, Angelina Jolie se automutilando para evitar a doença...
Câncer... Os tempos mudaram, novos tratamentos surgem a todo instante e as expectativas de cura aumentaram muito, mas, até hoje, ainda que seu diagnóstico seja apresentado num documento normal e frio padrão laboratório, quem o recebe vê uma macabra sentença de morte grafada a sangue em pergaminho de velino.
Não é à toa. Democrático, o câncer não privilegia ricos ou pobres e é uma das principais causa de mortes no mundo, segundo a OMS.
O tumor de mama lidera o ranking entre as mulheres e é por isso que, há mais de uma década, no mês de outubro, monumentos ao redor do planeta passaram a ser iluminados com a cor rosa, a mesma cor do laço distribuído aos participantes da primeira Corrida pela Cura, realizada em Nova York, em 1990, pela Fundação Susan G. Komen for the Cure e que, desde então, simboliza a luta contra a doença.
Com grandes probabilidades de cura quando precocemente diagnosticadas, nada justifica que as neoplasias mamárias continuem matando tanto e é sobre isso que o Outubro Rosa vem alertar, conclamando as mulheres ao autoexame das mamas e, a partir dos quarenta, à realização periódica das mamografias.
Portanto, moças, aproveitemos a lembrança e cuidemo-nos. E, os rapazes, aproveitem a carona e façam o mesmo.
E aí, vem meu direito à divagação. Se câncer é doença que se desenvolve do próprio organismo, destruindo-o em nível celular, podemos afirmar que nossa sociedade, sendo também um sistema vivo, precisa igualmente combater os seus tumores: violência, corrupção, impunidade... Cânceres que corroem cada célula, cada membro deste nosso corpo feito de gentes e culturas, provocando dores, perdas, angústias... E, no final, a morte.
Talvez, não por mera coincidência, a cada quatro anos no DF e a cada dois, no resto do País, acontece também o outubro verde e amarelo, que é quando vamos às urnas decidir a saúde do nosso Brasil. 2014 está aí! Se, para evitar um câncer, somos capazes de extirpar um seio, arrancar essa canalha que tá aí é mole!
Texto escrito para o jornal Alô Brasília, em sua edição de
04/09/2013.