Textos



No Trânsito de Brasília

 
Quando a gente está com pressa
tem sempre algum barbeiro
atrapalhando o trânsito
Desta vez, está na cara
que é o cara do Czara.


Promessa é dívida e, como é o único tipo de dívida que eu ainda consigo pagar, hoje vou falar sobre o trânsito de Brasília. Melhor, sobre os sujeitos que tornam o trânsito de Brasília tão chato.
Após pesquisas exaustivas, o Massachusetts Institute of Bad Drivers Researches, em seu capítulo sobre o Brasil, classificou os motoristas brasilienses em nove categorias:
- Pai na Forca: desconhece limites de velocidade, corta, costura e arremata. Às vezes, mata;
- Anti-ecológico: é um tipo especial de Pai na Forca. Para ganhar tempo, passa, sem dó, por cima das zebras e canteiros verdes;
- Vida Ganha: anda devagar porque já teve pressa ou só porque é lesado mesmo. Ao contrário do "Pai na Forca", jamais ultrapassa os limites de velocidade. No mais das vezes, sequer os alcança.
- Chato Legal: é um tipo específico de Vida Ganha. Só anda na esquerda, rigorosamente no limite da via, argumentando que "errado é quem quer ultrapassar!";
- Fundamentalista: este tipo especial de Chato Legal entende que não basta andar devagar. Tem que forçar os outros a fazer o mesmo. É daqueles que acelera para impedir ultrapassagem e, depois, volta a murrinhar;
- Comunista: dá passagem para todo mundo, inclusive para os Anti-ecológicos;
- Maguary: dirige altamente concentrado - no celular. "E o trânsito que não atrapalhe a conversa!";
- Transformer: no engarrafamento e semáforo, é moto, corta todo mundo pelos corredores. Bastou o trânsito fluir, transforma-se numa Scania bem na sua frente, e segue lento, pachorrento, ocupando toda a faixa;
- Teoria da Conspiração: reduz sua velocidade para 30% abaixo do limite da via ao se aproximar de radares e redutores de velocidade, pois desconfia que as placas que antecedem esses equipamentos mostram limites maiores do que os permitidos, só para multar os incautos.
Eu me identifiquei com alguns desses barbeiros aí em cima. Mais os afobados, claro! Afinal... dias curtos... longas distâncias...
E você? Em que categorias se enquadra?
Nenhuma!? Jura!? Uau! Parabéns!
Fica atento! Pode ser que você consiga emprego como motorista de alguém que não minta tão descaradamente!



Texto publicado na edição de 26/04/2013 do Jornal Alô Brasília.
O poema é de minha autoria, suavizado do poema publicado neste Recanto das Letras em 17/03/2008.

 

Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 26/04/2013


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