Textos



Cantadas


 
Você acredita em amor à primeira vista ou eu devo passar por aqui mais vezes? (cantadas hilárias - internet)


Toda mulher recebe cantadas. Mesmo as mais feias. No fim da festa, quando todas as outras já se arrumaram... Mas, recebem.
Euzinha também não escapo. Não sou nenhum mulherão. Coroa, casada e caseira, meu brilho é morno, pouco atraente para mariposas de testosterona. Ainda assim, vez por outra me deparo com as armas verbais de sedução masculina. É claro que sorrio, o ego inflado. Elogio é bom, a gente gosta e, tem dias, que não há nada melhor que uma boa massagem no ego.
A propósito, este é o mote do texto que dá nome ao meu próximo livro de contos, em breve nas livrarias Cotidiano e Café com Letras. O elogio rasteiro “Ô, coisa boa!”, vindo de algum lugar numa obra vizinha, muda o dia da protagonista recuperando sua auto-estima e causando um bocado de confusão.
Aliás, cantadas de pedreiro são antológicas. Entre no google, procure por elas e divirta-se.
Mas, não as subestime. O segredo para uma cantada memorável é mesmo o humor e a cara de pau.
Ana, loira de olhos claros, estava com o namorado japonesíssimo, num bar. Um camarada se aproxima e pergunta a ela, na maior cara dura:
- Será que o seu irmão vai achar ruim se eu te chamar pra dançar?
Depois que a zanga passou, até o “irmão” riu.
Presença de espírito também é importante.
O sujeito fez um elogio grosseiro. A moça respondeu, seca:
- Obrigada pela parte que me toca.
Ele devolveu, na lata:
- Se você deixar, todas as partes te tocam.
Ela não deixou, mas nunca esqueceu e ainda ri, quando lembra.
Neste embate, também vale jogada ensaiada. Esta aconteceu comigo, quando ainda solteira. Saindo da piscina, passei por dois sujeitos.
- É um violão! - disse um.
- Agora, é tirar o maiô e ver onde estão as cordas. - completou o outro.
Claro que não mostrei “corda” nenhuma, mas não pude esconder o sorriso.
Rir é bom. A exuberante Jessica Rabit amava o pequeno coelho Roger porque ele a fazia rir.
Porém, concluo que essas cantadas não visam a conquista. São como serviços de utilidade pública criados para animar a gente. Lhes basta o sorriso roubado.
E atire a primeira pedra aquele que não sorriria.
Ai, marido! Você não, né?!




Crônica publicada no Jornal Alô Brasília em 17/08/2012, e reeditado do O Amor e os Amores, publicado neste Recanto em 19/03/2008.
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 07/01/2013
Alterado em 25/01/2013


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