Acaba, não, Mundão!
"Beijei a boca de quem não devia
Peguei na mão de quem não conhecia
Dancei um samba em traje de maiô
E o tal do mundo não se acabou"
E o Mundo não se Acabou
(Assis Valente)
É hoje! Demorou, mas chegou! Já escolheu a roupa? Lembre-se: não use nada muito chique, não é uma festa. Mas, também, não esculhamba! Pijamas e pantufas vão lhe conferir uma aparência pouco solene, o que não combina com um evento dessa magnitude. Dê preferência a peças confortáveis, pois pode ser necessário correr das chamas, meteoros, chuva ácida ou seja lá qual for o recurso adotado pelos deuses para dar fim ao nosso mundinho. Um bom tênis talvez ajude. Você não vai querer ficar de fora por causa de um tornozelo torcido, vai?Se você correr, ainda dá tempo de se refugiar no Vale do Amanhecer. Alguns creem que aquelas paragens restarão ilesas, se o planeta for alagado. Leve comida e água para o período de escassez que se seguirá ao caos.
Há quem prefira enfrentar a hecatombe de frente. Neste caso, melhor aproveitar o dia, realizar alguns sonhos... Declare seu amor por aquela pessoa especial, arrisque-se numa experiência nova, um esporte radical, um sabor exótico... Ou erótico, quem sabe?
Reate laços, reveja amigos, reavive amores. Faça uma boa ação. Deve contar pontos para o tão falado Juízo Final.
Se você já vive como se cada dia fosse o último, estará muito cansado para sair por aí cometendo loucuras diferentes hoje, só porque finalmente é mesmo o último dia. Senão, emocione-se, gaste, divirta-se, namore! Exageradamente! Talvez seja a sua última chance.
Mas, olha lá, hein! Não extrapole. Imagina o fim de mundo que vai ser pagar as contas se o mundo não se acabar. Imagina ter que desmentir os jornais, se desculpar com o chefe, com a sogra... E o que dizer da tatuagem? Melhor fazer de henna. Ela nem vai precisar durar tanto!
Desta vez, a culpa do fim do mundo é do calendário Maia, que se encerra hoje. Como eles entendiam de astronomia, acredita-se que isto indicaria o fim dos tempos.
Depois de tantas promessas furadas de apocalipse, acho que o planeta depende mais é do calendário do meu celular. Vai acabar nunca! Já a bateria...
Eu tô mais é ansiosa para ver amanhã as caras dos "sobreviventes", ao saírem de seus bunkers e verem que estamos todos ainda por aqui.
Crônica publicada no Jornal Alô Brasília em 21/12/2012.