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Cobertor Curto

 
Eu era pequenina e ele me servia bem. Sobrava, mesmo. Era alegre e colorido, como costumam ser e, naquela época, era-me possível usá-lo para fazer cabaninha, onde eu e meus amigos brincávamos despreocupados.
À medida que eu ia crescendo, ele foi se tornando cada vez mais curto e já não me permitia montar cabanas. Felizmente, eu também já não me interessava mais por elas. Suas cores também se desbotaram um pouco, já não era tão alegre.
Com o casamento, ele deixou de ser só meu.
Ah! Como foi difícil dividi-lo com o marido, se mesmo só para mim ele já não mais bastava. Por outro lado, suas cores esmaecidas testemunharam muita paixão, tanta loucura que fui, aos poucos, me adaptando à novidade. Estávamos sempre tão juntinhos que, afinal, ele nem parecia assim, tão pequeno.
Foi quando vieram os cachorros, o tênis, a literatura e hoje, não dá mais. Se cubro o marido, descubro os escritos, se cubro o tênis, descubro os cães.
Assim, se você souber onde eu consigo outro, me avise, por favor, pois agora, é definitivo: está curto demais o cobertor das horas dos meus dias.




Este texto faz parte do Exercício Criativo - Cobertor Curto
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Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 01/10/2012
Alterado em 01/10/2012


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