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Viva Brasília, 52 Anos
''Os dois arquitetos não pensaram em construir beleza, seria fácil: eles ergueram o espanto inexplicado.'' (Clarice Lispector)


Viva Brasília, cidade linda, de gente alegre, forte e trabalhadora que aqui representa o Brasil inteiro!

Ah! E, por falar em representação, um desagravo aos que dizem que aqui só tem ladrão, pelos escândalos advindos da classe política, aqui sediada: somos mais de 2,5 milhões de habitantes. Desses, somente 600 são políticos e nós só elegemos 40. O resto, vocês mandam pra cá. Fiquem espertos e votem direito, que Brasília não merece essa má fama, Brasília é muito mais! É modelo arquitetônico, celeiro cultural, paraíso gastronômico, berço de grandes atletas... É lar, doce lar!

Brasília, de clima ameno, desconhece as quatro estações. Romântica, deixa que o tempo se divida em fenômenos naturais: de março a maio tem a temporada das paineiras, majestosas, coloridas. De junho até quase outubro, a seca se instala em monocromia, quebrada pela graça de flores coloridas em árvores desfolhadas. É a temporada dos Ipês, seguida de pertinho pela exuberante sinfonia das cigarras. Nativas do cerrado, elas se adaptaram tão perfeitamente à vegetação importada na construção da cidade que proliferaram descontroladamente, oferecendo um espetáculo, às vezes irritante, definitivamente fascinante.

Quando elas começam a silenciar, temos a explosão dos Flamboyants com suas muitas cores espalhadas quase ao chão. O ano se encerra florido e verdejante, com grama e árvores folhadas para todo lado e assim permanece por todo o período das chuvas. Quando este vai se encerrando, os dias são lindos, com o céu de um azul intenso e profundo e pores de sol muito vermelhos, sempre emoldurados por nuvens que parecem posar para as fotos. Este espetáculo inspirou a frase de Lúcio Costa: “o céu é o mar de Brasília”.

Brasília não conhece as quatro estações do ano. Mas, primavera, verão, outono e inverno existem também por aqui. São horários do dia: em qualquer época do ano, as madrugadas invernais são seguidas por manhãs frescas e primaveris que conduzem a tardes de calor veranil. O anoitecer traz um friozinho outonal que nos conduz à preguiça das frutas maduras no pé.

Parabéns, Brasília!
Parabéns, gente daqui!






Crônica publicada no Jornal Alô Brasília em 23/04/2012, e adaptado do texto As Estações de Brasília, publicado neste Recanto em 03/07/2009.
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 20/09/2012
Alterado em 25/01/2013


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