Textos


O Presente Mágico de Natal

Neste natal não quero nada
Para mim, propriamente
Mas, se quer lembrar a data
Faça algo diferente
Doe ração a um abrigo
Alimento ao indigente
Dignidade ao mendigo
Brinquedo ao guri carente
E vai me ver de mão vazia
Agradecida por seu presente


Com esses versinhos, participei da divertida ciranda proposta pela Anabailune, “O que eu Não Gostaria de Ganhar de Natal?”. Certo, certo! Você tem toda razão. Minha participação não ficou lá muito divertida e nem sei se cumpri bem o propósito. Talvez tivesse sido mais sincera dizendo que não quero ganhar cosméticos. Na verdade, o que eu queria mesmo é que o mundo fosse perfeito e ninguém sofresse de fome, humilhação, abandono, maus tratos, violência, exploração...
Mas, enfim, por menos que façam sentido os desígnios do Pai, desde que o mundo é mundo, as coisas são como são e, o máximo que nos cabe, é fazer a nossa parte para diminuir um pouquinho essas dores.

Fui dormir pensando nisso e, em algum momento, fui acordada por um velhinho de barba branca, muito sorridente, que deixou uma caixa dourada sobre a minha cama e desapareceu pela janela.
Ao desatar os laços que prendiam o embrulho, todo o ambiente foi envolvido por uma luz suave e amarelada que logo alcançou as janelas e espalhou-se por todo lado. E, o que quer que ela tocasse eu podia ver, como se lá estivesse.
Foi mágico!!
Ela atingiu os abrigos de animais e todos foram encaminhados para lares amorosos onde nunca mais sofreriam. Ela deu dignidade, emprego, saúde e educação a todos os pobres e humilhados, e eles mesmos puderam presentear suas crianças, embora a alegria da vida familiar fosse suficiente para dispensar os caros brinquedos. Do mesmo modo, os idosos foram reconduzidos às suas famílias onde passaram a ser ouvidos e respeitados. Órfãos e velhinhos sem famílias de sangue eram disputados em grandes torneios, pois muitos eram os interessados em cuidar deles e as mulheres, ah! que beleza, essas nunca mais sofreram com preconceitos, agressões, traições, mentiras.
As pessoas passaram a receber seus salários não de acordo com a sua formação, mas com a sua vontade e disposição para o trabalho. Assim, a sociedade inteira tornou-se próspera e produtiva, os hospitais ficaram vazios pois os médicos atuavam preventivamente, impedindo a aparição das doenças, políticos, policiais e juristas tornaram-se professores, artistas, poetas, músicos e contadores de histórias, pois não havia mais necessidade de legislar, julgar ou litigar nada. E assim, o mundo inteiro tornou-se uma grande festa. Uma festa realmente inesquecível, onde as pessoas se davam carinho e afeto de forma gratuita, e onde a música reinava poderosa, sonora, retumbante... Barulhenta mesmo.
Barulhenta demais! Acordei aos sons da rave no vizinho. Não, não podia ser só um sonho!! Ansiosa, liguei a TV, na expectativa de que houvesse alguma notícia sobre a mudança provocada por meu presente e nada, só as mesmas desgraças de sempre. Decepcionada, desliguei o aparelho e joguei-me na cama. O braço bateu em algo e eu abri os olhos para ver o que era. Ao meu lado, havia uma linda caixa dourada. Nem pude acreditar!! Enchi-me de esperança e, num puxão afobado, arranquei os laços que atavam o pacote. Abri-a de uma vez, para que a luz pudesse logo se espalhar, mas, ao invés disso, observei, desapontada:

- Cosméticos!?




Este texto faz parte do Exercício Criativo - Uma Festa Inesquecível
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Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 12/12/2011


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