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Um Pequeno Detalhe


Há alguns meses, eu e o maridão descobrimos, quase que por acidente, um restaurante com temática dos anos 60, aqui em Brasília.
As mesas imitam o padrão das lanchonetes americanas daquela década, garçons e garçonetes se vestem como os rapazes e moças dos anos dourados. Nas paredes, fotos de personalidades como Elvis Presley, Elizabeth Taylor, Clark Gable, Frank Sinatra misturam-se a TVs de LCD onde são exibidos episódios inteiros dos desenhos animados e seriados que encheram nossas tardes infanto-juvenis: A Feiticeira, Jeannie é um Gênio, Os Flintstones, Os Jetsons, Perdidos no Espaço...
Enfim, enquanto matamos a fome com pratos de todas as gerações, saciamos a saudade de nossos tempos de escola.
Tudo perfeito para quarentões como nós, exceto por um pequeno detalhe. E quando eu digo pequeno é mesmo ínfimo.
Da última vez que fomos lá, fizemos nossos pedidos e o garçom se atrapalhou.
- O da senhora, é?... – perguntou.
Achei mais fácil dar o número do prato do que repetir todo o seu nome, mas, quem diz que eu enxerguei o numerozinho em fonte Arial 8 sem negrito?
Não ia dar o vexame de pegar os óculos de leitura e desisti da praticidade numérica:
- Salmão grelhado com
molho de alcaparras, arroz de brócolis e salada de legumes no vapor.
Mais tarde, quando solicitamos a conta, o maitre apareceu numa informal "pesquisa de opinião".
Elogiamos os pratos, o ambiente, a escolha dos vídeos...
E eu completei, mostrando os numerinhos no cardápio:
- Mas este tamanho de letra está incompatível com a decoração.

Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 22/06/2011
Alterado em 22/06/2011


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