O Saco de Rolhas do Vovô
Quando o avô apareceu todo feliz e lhe entregou o pacote de rolhas, o menino César não viu a menor graça.
– Não gostou? – perguntou o avozinho.
César tentou disfarçar, mas não podia. Aquilo estava longe de ser uma coisa interessante.
– Ah! Vovô! Para que servem rolhas? Não tem botão de liga e desliga, não acessam a Internet...
O avô pegou uma das rolhas maiores e colocou palitos nela, como se fossem as patas de um bicho. Depois, colocou um outro palito na posição que seria o pescoço e na ponta dele, uma rolha pequenina.
– Veja! Uma vaquinha!
César ainda não estava muito animado com a brincadeira, mas o avô continuou fazendo bichos. Em seguida, explicou:
– Este é o Furacão. Ele é um touro muito mal-humorado. Olha! O cabrito Serafim entrou no pasto do Furacão! E lá vem o touro bravo para pegar o Serafim!
E o avô cavalgava o touro de rolhas correndo na direção de um cabrito de rolhas.
– Olhe! O Serafim corre muito, mas, ele precisa de ajuda! So-co-o-o-o-o-o-o-o-orro! – fez o avô imitando o balido das ovelhas.
O menino sorriu.
– So-co-o-o-o-o-o-o-orro! – repetiu o avô! – Ce-e-e-e-e-e-e-esinha! Me aju-u-u-u-u-u-u-ude!!
O menino resolveu ajudar o Serafim. Pegou uma das vaquinhas maiores e a fez cavalgar na frente do touro, atrapalhando seu caminho.
O avô disse:
– Sai, Mimosa! Esse cabrito é muuuuuuuuuuuuuuuuito abuuuuuuuuuuuuuuuuuuusado!
Cesinha imitou também.
– Deixa disso, Fuuuuuuuuuuuuuuuuuuracão! Vamos brincar!
E o touro Furacão parou, deixando escapar o cabrito.
Logo outros bichos foram entrando nas aventuras. Onças apareciam do nada, mas os cachorros eram corajosos e as colocavam para correr. Mudando os palitos de lugar, a vaquinha de uma história já era um urso bravo na outra. Muitas rolhas presas num cordão eram o trem da serra indo embora... Uma galinha gigante apareceu na brincadeira, mas era difícil faze-la ficar em pé, então ela virou uma galinha com três patas, e ficou muito famosa. Foi até entrevistada no Faustão.
– Cesinha, acho que está na hora do seu desenho favorito... – disse a avó, chegando na porta da varanda.
– Ah! Vovó! Quem precisa ver TV, se tem um saco de rolhas e um pouco de imaginação?