Textos



A Semente do Bem


“Para que o mal triunfe, basta que os bons nada façam.”
Edmund Burke


A cervejada com os colegas seguia animada, mas lamentávamos a ausência da turma da operação, escalada para trabalhar naquela noite. De repente, vejo-os chegando.
- Ah! A Cris armou uma pequena greve. O Welber ficou lá. Qualquer coisa, ele liga pra nós.
Depois, ouvi o chefe deles reclamando: na segunda-feira teria uma conversa com esse "bando de irresponsáveis" e com aquela “laranja podre” da Cristina.
- Por que laranja podre? - alguém perguntou.
Ele explicou: se você colocar uma laranja podre num saco de laranjas boas, todas irão apodrecer em pouco tempo. Entendi. Laranja podre é aquele líder nato, que consegue levar os outros para o mau caminho, instigar a fazer coisas erradas. Influentes, carismáticos, são pessoas que, se usassem seus poderes para o bem, seriam catalisadores de grandes feitos. Mas, movidos por sentimentos egoístas e mesquinhos, só fazem o mal e levam legiões inteiras a fazer o mal também. Seus seguidores, nem sempre têm má índole... Podem ser apenas fracos de personalidade ou estar vivendo momento de grande desespero. Seja como for, deixam-se levar como um enorme rebanho de ovelhas negras. São os líderes de gangues, chefes do tráfico... Hitler era laranja podre. A Cris, injustamente acusada, não.
Felizmente, os laranjas podres têm sua antítese: as sementes do bem. Aqueles seres que, quando dentre maus, conseguem, não só resistir-lhes à vileza, como combatê-la com palavras e exemplos e atrair adeptos para o bem. Sabemos o quanto é difícil. Às vezes, mesmo em terreno fértil, uma boa semente pode manter-se inerte, por comodismo, preguiça, medo. E isso é uma grande perda. Vi um filme interessante sobre isso uma vez. Chamava-se a Corrente do Bem e narrava a historia de um professor que incentiva seus alunos a realizarem boas ações. O filme é um poema de amor que fala do bom de se fazer o bem. O que é melhor: fala de almas humanas normais, com seus problemas e limitações, numa otimista visão de que não é necessário ser um grande nome e nem realizar um grande feito, para ser uma boa semente. Pessoas comuns, como eu e você, podem fazer a diferença. Então, façamos a diferença. Não apenas a nossa parte, como o tolo beija-flor que tentava apagar o incêndio da floresta com as gotículas de água que carregava no bico, mas tentando motivar os outros a que façam a deles também. Fazer germinar o bem, mais do que fazer o bem. Essa é a nossa missão de sementes.

Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 01/07/2009
Alterado em 07/03/2012


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