Diz o dito popular: “De médico, poeta e louco todos nós temos um pouco.” Podemos completar: todos temos um pouco também de mecânico, arquiteto, advogado... Técnico de futebol? Só no Brasil, são 140 milhões!! Psicólogo? Basta ter um amigo, um parente, e está garantido o seu papel de terapeuta. Um dia, quando você menos esperar, se verá às voltas com corações partidos, crises existenciais no melhor estilo Shakespeareano: "ser ou não ser, eis a questão"!
E não é só o grande gênio da investigação, Sherlock Holmes que se dá ao luxo de, de acordo com as evidências, concluir os fatos que conduziram a elas. Quem é que, assistindo um filme, mesmo que não seja um filme policial, não fica tentando adivinhar o que vai acontecer dali a pouco, conforme as pistas deixadas por seu roteirista? Bastou a mocinha vomitar e já associamos à gravidez. O sujeito anda meio ressabiado e pronto, ele é o culpado. E nem precisa ser o mordomo.
Mesmo no dia a dia, aquelas coisas que não são óbvias, nos instigam até que consigamos decifrá-las...
Por exemplo, esses dias estava em uma palestra com um amigo. Algumas cadeiras à nossa frente, encontrava-se uma bela jovem, usando uma camiseta bem decotada nas costas, mostrando uma estranha marca de sol, contígua à do biquíni e acima dela, um pouco mais à direita, semelhante a pétalas de uma grande flor. Ficamos atinando sobre o que havia provocado aquela marca. Começamos a conjeturar.
Seria um traje de banho muito jeca? O simples fato de ela ser jovem e bonita já eliminava essa alternativa.
Talvez um vestido de festa com o qual ela teria ido a um casamento matinal? Mas, detalhes florais nas costas não são muito comuns. Talvez uma fita, um laço...
E, se não fosse marca de sol? Um sinal de nascença?
A palestra perdeu toda a importância para nós, hipnotizados pelo estranho sinal.
De repente ele bateu na testa, me cutucou. Havia matado a charada.
Com ares de investigador, afirmou:
- Ela é canhota, solteira e está sem namorado.
Olhei para ele, confusa. Ele continuou:
- Ou o namorado não a acompanha ao clube.
Continuei boiando.
- Ao aplicar o protetor solar, não conseguiu cobrir a parte das costas que as mãos não alcançam. As "pétalas" foram deixadas pelo resto do creme em seus dedos.
- Brilhante! - comentei.
Ele sorriu:
- Elementar, minha cara Watson.