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Adolescente é Fogo
(com PH)!!


Cindy namorava Valmir havia seis anos, quando finalmente aceitou o convite para ir morar com ele. Levou suas coisas aos poucos, e o filho Vinícius só quando já estava completamente convencida de que era o que queria. Passados alguns meses de lua de mel, a filha de Valmir, Karina, de dezoito anos, quis morar com o pai.
Tirando os hábitos estranhos da moçoila que costumava varar a noite ouvindo música, dançando e acessando a internet, sua presença em nada atrapalhou a vida do casal.
Vinícius, porém, com quatorze anos, incitado pelos colegas do colégio, descobriu a versão hi tech do espelhinho no sapato, que os rapazes usavam no século passado para ver a calcinha das meninas. Moderninho, o garoto passou a fotografar as bundas das incautas na rua, com a câmera do celular. Nas filas e pequenas aglomerações ele aproveitava para aproximar-se das que vestiam saias curtas e, discretamente, clicava o aparelho devidamente posicionado.
Seu erro foi o excesso de confiança e ambição: uma tarde, em casa, resolveu fotografar Karina. Esta, que não é boba nem nada, fingiu não perceber. Somente mais tarde, quando o pai chegou, ela armou o barraco. Sentia-se ultrajada, humilhada, invadida em sua privacidade. Disse que ia embora, que não ficava mais um minuto na mesma casa que aquele tarado. O menino argumentou que não a fotografou, que desistiu antes de conseguir, mas ela insistia que sim.
Para provar, pegou o celular do garoto e começou a mostrar as fotos para o pai e a madrasta.
A cena que se seguiu foi simplesmente hilária: os quatro sentados no sofá, olhando fotos de bundas e calcinhas no celular do moleque.
- Aqui! Eu falei que ele me fotografou!!
- Não, Karina... Não é você... A menina está usando uma calcinha de rendinha. Você não tem calcinha de rendinha.
Mesmo depois de convencida de que não havia uma foto dela ali no meio, ela insistia que não poderia mais dividir o mesmo teto com ele. De nada adiantou o sermão que deram no pirralho, na frente dela, explicando-lhe que ele estava agindo errado, que Karina tinha razão, pois ele estava faltando ao respeito para com as mulheres que fotografava e que estava se arriscando a levar um sopapo, ser preso, onde já se viu e blá, bla, blá... Não houve jeito: a menina ficou irredutível:
- Ou ele ou eu.
Sem alternativa, Cindy pegou as malas e o Vinícius pelas orelhas e voltou para a casa de sua mãe.
Valmir, não satisfeito com o tragicômico fim do seu casamento, convenceu Karina a ir morar com a irmã mais velha, comprometendo-se a reformar o apartamento para as duas, abrindo as portas para o retorno de Cindy e Vinícius.
Hoje, às vezes, olhando as estrelas na varanda, eles relembram a noite do reconhecimento de bundas. Um dia Valmir cogitou:
- Será que foi assim que o J. R. Duran começou? Já pensou se estamos podando um talento?
É um risco, eles concordam. Mas concordam mais ainda que foi bem acertada a decisão de trocar por um outro, sem câmera, o telefone do possível ex-futuro fotógrafo da Playboy.

Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 06/06/2008
Alterado em 09/06/2010


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