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Ah! O Amor!

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...
O Amor - Fernando Pessoa

Dia dos namorados...
Mesmo para quem não está nesse clima de romance todo, a data tem o seu apelo. O comércio, mal amado pelo consumidor, que anda brochinha no meio dessa crise toda, vê aí uma oportunidade de recuperação e investe pesado na propaganda. Assim, se você não passou o último mês numa bolha – ou fora do país, já que alhures comemora-se a paixão em outras ocasiões -, deve ter visto muitos casais trocando beijos e presentes. Inclusive casais homossexuais, o que deu um bafafá danado, cujo clímax foi o mau uso de símbolos cristãos como forma de protesto na parada Gay em Sampa. Linda a propaganda da rede de cosméticos. Por outro lado, embora a pequena blasfêmia não tenha me incomodado, achei uma provocação desnecessária, em tempos de combate ao ódio.
Ei! Ódio, não. O tema aqui é outro: amor!
Daí, lembrei. Nesta semana realizei os exames periódicos do meu trabalho. Na hora do eletrocardiograma, quase brinquei dizendo que, se desse alguma alteração no exame, é porque estou apaixonada. Controlei-me, para evitar que um erro de interpretação fizesse o médico tomar a piadinha como uma cantada, o que, diante dos atrativos dele, deve ser até frequente. Fiquei orgulhosa por conseguir me conter. Dominantes em mim, esses genes cômicos de papai já me colocaram em algumas saias justas.
Também já fizeram rir, como na revisão do carro, que, no sistema da concessionária ainda estava no nome do primeiro dono e, diante da surpresa da mocinha a quem me apresentei quando ela chamou o senhor Fulano de Tal, não resisti:
- Sou eu mesma. É que mudei de sexo.
Ou desanuviar climas tensos, como naquela ocasião em que fui pagar o estacionamento de um shopping e o cliente à minha frente, estúpido, gritava com a atendente, reclamando sobre o preço do serviço. Quando chegou a minha vez, ela estava bem aborrecida. Perguntei:
- Se eu for grossa que nem ele, ganho desconto? – e, claro, abri meu melhor sorriso. Ela riu também e eu agradeci ao papai pela herança do bem.
Mas, o tema aqui não é humor, é amor! Então, falemos de amor e...
Ah, não! O espaço acabou!
Melhor!
Pra que falar de amor se bom mesmo é amar?
 
Texto publicado no jornal Alô Brasília de hoje.
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 12/06/2015


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