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10, 9, 8, 7, 6, 5, 4, 3, 2, 1... Fogo!!


 
"De repente, num instante fugaz, os fogos de artifício anunciam que o ano novo está presente e o ano velho ficou para trás." (AD)
Sou mais o chato do Faustão, que faz isso com muito menos barulho.


Reveillon chegando e, ao contrário da maioria que pensa na festa com empolgação, muita gente já começa a se descabelar, preocupada com os fogos que enchem de alegria e beleza a madrugada no primeiro do Ano. Não nego que é lindo ver o céu iluminado por dentes-de-leão multicores em shows pirotécnicos que se espalham ao redor do Planeta, numa tradição que remonta à Idade Média, onde as festas da nobreza eram decoradas com fogos e cores e acreditava-se que os estampidos afastariam os maus espíritos, garantindo as bênçãos para o novo Ano.
Evoluímos um bocado, sabemos que hoje se afastam os maus espíritos com grade, cerca elétrica ou bloqueando no Facebook, mas não perdemos esse fascínio pelo fogo. Ainda mais com as formas e matizes várias hoje possíveis, tornando sua visão ainda mais apaixonante.
Acontece que a outra face desse brilho todo é um tanto sombria. Fábricas clandestinas produzem artefatos de baixa qualidade, levando seus usuários a lotarem as alas de queimados no dia da Confraternização Universal. Isto, quando suas instalações não explodem, provocando morte e destruição pela vizinhança. Mesmo os fogos de indústrias que detêm o selo do INMETRO podem provocar tragédias, pois são, muitas vezes, manuseados por crianças ou pessoas alcoolizadas.
Não bastassem todos esses riscos, há ainda o prejuízo ambiental provocado pelo barulho e fagulhas. Animais silvestres ou domésticos entram em pânico, podendo machucar-se seriamente na tentativa de fuga e aumenta muito o número de cães e gatos desaparecidos no período. Muita gente prefere abdicar da festa para tentar acalmar seus bichos na contagem regressiva, assim como quem zela por idosos ou enfermos também se vê obrigado a redobrar os cuidados.
Tenho uns quatro cães que, se pudessem, hibernariam neste período.
Em alguns países estuda-se limitar o nível de ruído dos explosivos e até proibir sua venda a particulares, ficando o espetáculo a encargo dos governos.
Minha matilha, coitada, ia adorar!
Por outro lado, do jeito que o GDF anda apagadinho, pirotecnia por aqui, só mesmo a midiática. Aí, meu caro leitor, é fogo!




Texto publicado na edição de número 20, da Revista Meia Um e no jornal Alô Brasília, na edição do dia 28/12/2012.
Ilustração: Thales Fernando feita para a revista Meia Um.

Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 28/12/2012
Alterado em 25/01/2013


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