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Vamos Salvar o Mundo!

– Aiê! Socorro! Um jacaré! Cadê o Batman? Cadê o Super-Homem pra me defender?
– Deixa disso, dona capivara... Eu sou vegetariano...
– Um jacaré que não come carne? Duvido! – respondeu ela.
– É verdade... – disse uma vozinha tímida.
– Quem falou isso? – perguntou a capivara, assustada.
Um tatu apareceu, de detrás de uma árvore.
– Euzinho! Pode acreditar dona capivara. Ele não come carne, mesmo... Há muito tempo!
E, para provar, sentou-se ao lado do jacaré. Bem pertinho da bocona dele.
– Que alívio! – disse ela.
– Mas, por que o drama? Com tanta água aí pertinho, a senhora escapava dele em dois segundos.
– É que... Eu... Bem... É que eu não sei nadar. – ela explicou.
– Não sabe nadar? – os dois exclamaram.
– Pois é! Até tentei... Mas os rios andam tão sujos e poluídos que um dia prendi a pata numa lata. Noutro, enfiei o pescoço num cadarço de sapato e fiquei vários dias com uma bota velha pendurada no pescoço... Foi humilhante! Daí, desisti.
– Sei bem como é isso... – murmurou o tatu.
– O senhor também desistiu de nadar por causa da poluição?
– Não. Desisti de cavar. Mas não foi por causa da poluição. É que eu nasci em cativeiro e o piso era cimentado. Gastei minhas unhas tentando fugir naquele piso duro. Consegui, mas hoje, não posso cavar sequer um buraquinho na areia fofa.
– Puxa! Que história triste! – disse a capivara.
– É por isso que virei vegetariano. O bicho homem não precisa de mais ajuda para acabar com o planeta. – disse o jacaré.
– Olá, olá! – cumprimentou uma lhama, surgindo do meio das árvores.
– Ué? Você não está meio longe de casa, dona lhama? – perguntou o tatu.
– Estou, mas... Fazer o quê? Sofro de acrofobia, não dava mais para ficar nos Andes.
– Acrofobia?? Ai, dona lhama! Sai pra lá! Eu não sou vacinada, não! – disse a capivara, pulando pro lado.
– Dona capivara! – riu a lhama – Que bichinha mais assustada! Acrofobia é medo de alturas. Não é contagioso, não.
– Ufa! Por que não explicou logo? – ela se acalmou. – E como foi que isso aconteceu?
– Com o aquecimento global, o gelo derretendo, ficou muito escorregadio lá em cima. Levei uns tombos feios. Entro em pânico quando olho pra baixo.
– Somos um grupo bem estranho, né? – a capivara notou. – Um jacaré vegetariano, um tatu que não cava, uma lhama que tem medo de altura e uma capivara que não sabe nadar...
– E tudo por causa do homem! – o tatu disse.
– A gente devia se unir e levar ao homem a nossa situação! – disse a lhama.
– Verdade! Ir aos jornais! À TV!! – gritou o jacaré!
– Ééééé! Vamos salvar os bichos do mundo todo! – gritou a capivara.
– Vamos! – gritaram todos.
De repente, ouviram um trovão.
– Parece que vai chover...
– Que nada... É meu estômago... Tô com fome! – disse o jacaré.
– O senhor quer uma alfacinha? – perguntou a capivara. – Sei onde tem.
– Não... Não sei... Vocês se agitaram muito, o cheiro de vocês está cada vez mais forte! Esse cheiro... Está me deixando louco! – disse o jacaré, abrindo bem o bocão, na direção do tatu.
Num instante o tatu cavou um buraco e se enfiou nele. Foi tão rápido que a boca do jacaré se fechou no ar, fazendo um barulhão: nhect!
A capivara deu um grito e pulou na água, nadando como um peixe. O jacaré até pensou em ir atrás dela, já que também era um bom nadador, mas preferiu tentar pegar a lhama, que estava meio encurralada pela mata fechada atrás dela. Pois dona lhama não pensou duas vezes. Subiu numa árvore mais rápido que um macaco e de lá, foi pulando de galho em galho até sumir de vista.
O jacaré, desanimado, entrou na água e foi tentar pescar alguma coisa, enquanto ia pensando: é... Pode-se lutar um bom tempo contra a natureza... Pode-se até vencer algumas batalhas, mas, no final, quem ganha essa guerra, mesmo, é ela!


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Texto escrito para o 7° Desafio Literário da Câmara dos Deputados
Categoria Infantil - Etapa 1
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A imagem é uma composição de várias imagens de internet, de cinco sites diferentes.
Nena Medeiros
Enviado por Nena Medeiros em 25/05/2011
Alterado em 11/11/2011


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